segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

UNIVERSIDADE POPULAR: MICHEL ONFRAY

Fragmento de entrevista com Michel OnfraY



As escolas foram associadas à domesticação do indivíduo. Essa idéia ainda é válida?

M.O- Mas claro. Penso que as escolas não funcionam senão com isso e para isso. Elas não fabricam senão indivíduos dóceis, obedientes, form

atados, que pensam o que os outros mandam eles pensarem, da forma como mandam. Elas ensinam o que é necessário para reproduzir o sistema social. A Universidade Popular é uma alternativa a isso.
- Hoje, qual seria a função do professor?Onfray -

M.O- O professor é aquele que conduz, que aponta o norte, o sul, e depois diz ao aluno: 'Vire-se você, faça o seu próprio caminho'. Nietzsche dizia que um bom mestre é aquele que ensina os alunos a se desligarem dele. Então é preciso ensinar as pessoas a se desligarem de seus mestres, a serem mestres de si mesmas. É um estranho paradoxo, mas nós, professores, somos feitos para não existir. O que interessa é que as pessoas tenham uma relação direta com a filosofia, na qual eu serei apenas um mediador. Eu sou feito para desaparecer.-

O sr. acha que a escola deveria mudar?

M.O. - A escola deveria ser um lugar onde as pessoas tivessem vontade de estar, de ir e vir, um espaço mais ligado à vida da cidade, com cinema, cafés, bibliotecas, lugares de conferência. A escola se abriria para o mundo do ponto de vista arquitetural, mas também colocaria o saber mais em consonância com as necessidades da época, trazendo valores integrais e proposições que permitissem, por exemplo, discutir o que é o monoteísmo. Será necessário aprender sobre Carlos Magno? Será que não se deveria aprender outra coisa, de outra forma? Penso que há outros conteúdos, outros métodos, que poderiam ser adotados, bem como um novo modelo de frequência, de modo a permitir dizer ao aluno: 'Construa você mesmo o seu aprendizado'.


O que é o saber, hoje, depois que se aprende a ler, escrever e contar?

M.O- É preciso aprender a pensar e a reunir a isso todos os saberes que permitem conhecer. Eu não estou certo que o trabalho de memória sobre um certo número de fatos seja útil para pensar. Então que se trabalhe a retórica, a argumentação, a lógica, a construção de um discurso e de uma proposição. São coisas que se pode aprender, mas que não se aprende. A gramática acabou nas escolas. Imagino que se possa reunir o clássico e o moderno, ensinando também o que é ecologia, informática, biotecnologia etc.

VEr a íntegra: http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2007/11/entrevista-michel-onfray-191107.html#links

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