sábado, 31 de maio de 2008

MEUS PECADOS PREDILETOS II - LUXÚRIA

Repousa a mão trêmula
Neste corpo moribundo
Que nada mais pode querer
Além do olhar noturno de sua alma
Prende, então, e de uma só vez
Essa coisa, esse vento, esse desatino
Cuja lavra de sangue marca tantos gritos insones
E como tudo que tem cheiro de morte
Deixe que o assombro seja, enfim, a prisão inconteste da vida
Quando, todavia, provar o último pedaço de mim
Deixe uma luz, anjo da luz: voz miúda, aço e suor
Abra, então, as narinas e sinta o cheiro acre da pele imunda e doce
A pele quente do diabo, do pobre diabo que te segueE saiba que dele nada se pode esperar
Nada mais que dor e prazer
É que o diabo, pobre diabo,
Sabe apenas estar junto a nós
Seres de amor e de morte, de lágrima e de riso
Pobre, pobre diabo
Condenado a habitar o lugar mais profundo que o amor e o perdão
Lugar chamado vida28.05.08