segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MATURIDADE

O que mais temo na vida não é a morte

Não por coragem, mas por pura preguiça existencial

Pensar na morte dá um trabalho danado ...

O que me aflige, em verdade, é ficar assim, incrédulo

Tentando achar o que aconteceu nos caminhos e descaminhos

Remoendo venturas e desventuras

Um ceticismo tardio, um realismo sem gosto

Tenho medo de que não consiga mais ter ilusões

De ser completamente normal

De buscar o conforto para uma morte anunciada

De ter que olhar o olhar de deboche dos realistas, e, ainda assim, sorrir

Receio acreditar nas máscaras da vida mais que em mim

Ser indiferente como índole, como uma estratégia típica de vencedor

O que me salva

É que nenhuma razão, nenhuma explicação resolve tudo isso de uma vez

Nada me salva dessa maturidade

Eu, uma criança que acorda do coma de quarenta anos

Abre os olhos e diz:

“sorvete”?


VLADIMIR LUZ

21.02.2011

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