O que mais temo na vida não é a morte
Não por coragem, mas por pura preguiça existencial
Pensar na morte dá um trabalho danado ...
O que me aflige, em verdade, é ficar assim, incrédulo
Tentando achar o que aconteceu nos caminhos e descaminhos
Remoendo venturas e desventuras
Um ceticismo tardio, um realismo sem gosto
Tenho medo de que não consiga mais ter ilusões
De ser completamente normal
De buscar o conforto para uma morte anunciada
De ter que olhar o olhar de deboche dos realistas, e, ainda assim, sorrir
Receio acreditar nas máscaras da vida mais que em mim
Ser indiferente como índole, como uma estratégia típica de vencedor
O que me salva
É que nenhuma razão, nenhuma explicação resolve tudo isso de uma vez
Nada me salva dessa maturidade
Eu, uma criança que acorda do coma de quarenta anos
Abre os olhos e diz:
“sorvete”?
VLADIMIR LUZ
21.02.2011
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