segunda-feira, 2 de maio de 2011

FRUTO PROIBIDO




Há quem goste de superfícies
Eu prefiro os vãos, os cantos, as fissuras antigas,
os abismos,
Aqueles espaços onde o musgo cresce lentamente

Há quem prefira amores perfeitos e finais felizes
Mas há os que preferem acreditar na beleza dos
anjos caídos
Que preferem acreditar apenas no risco, no risco de viver o imperfeito e o impreciso

Há quem goste da luz de Platão, mas eu prefiro os golpes de martelo de Nietzsche

Somos diferentes, por isso posso comer do
fruto proibido
Posso ser expulso do paraíso sem pestanejar
Assim posso ler nas entrelinhas do destino o riso jocoso do acaso
Posso, então, finalmente ser ridiculamente humano num mundo de homens iguais a monumentos de pó, de uma felicidade comprada em algum magazine

Há quem prefira palavras de carinho e juras de fidelidade
Eu prefiro o silencio do primeiro olhar
Aquele olhar que fere para sempre uma vida, que marca a ferro a pele da alma

Há quem goste da salvação eterna e verdades absolutas
Eu, de minha parte, prefiro apenas o abraço apertado de um amor fugidio
Um café bem quente (com açúcar)
E uma boa poesia

Vladimir Luz

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