terça-feira, 5 de abril de 2011

GAUCHE





Doce olhar de deboche
Com o qual me deparo todos os dias
Todos os dias ... todo santo dia

Até quando?

Esses semblantes sérios e jocosos
Que fazem a vida seguir sempre mais crua
Esses burocratas com seus ritos de sempre
A tratar o diferente como peças que se descartam sem mais
Burgueses que nem mais conseguem ser mecenas

Até quando?

Ficar imune aos
Risos mesquinhos de canto de boca
Adágios de maledicência ditos nos becos
Dedos em riste
Venenos preparados de véspera
Credos que não suportam o próprio desejo

Doce olhar de deboche
A reforçar que sou um “clow” num mundo de heróis
Que todo dia, todo santo dia
Dá-me a certeza
de que lado estou
de que lado quero estar
E o que não quero ser


Vladimir Luz

Um comentário:

  1. "Tristeza que não vamos por medo dos caminhos."
    Teu poema me ao Võo de Damário.
    Belo e triste.

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