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A tua palavra transpira medo
Medo de ser como eu sou
Medo de não poder não ter medo
Medo de não poder deixar de se esconder em bem-estares
Medo do teu desejo que cedeu às convenções
Medo dos teus sonhos que cederam à vida burguesa
Medo de olhar opções que não foram as tuas melhores opções
Eu, o indigno, o impuro, o sujo, sou o alvo do teu medo
Atira, então, a primeira pedra do teu medo
Atira de forma rápida e certeira o petardo do teu rancor-moral
porque assim teu medo se transformará na moral pálida de muitos
Muitos gritarão contigo: morte ao herege!
Age, outrossim, como um filisteu, com um hipócrita, como um medíocre
Vive, ao lado dos teus, do teu gado, dos acomodados, dos normais
Rumina toda essa grama podre de veleidades colhida no pasto da tua vida caiada de branco
Vai, como Catilina, tecer intrigas, bisbilhotar à noite, afiar facas e preparar venenos
Pois eu, como Giordano, prefiro queimar a ter cravado no peito a lança do teu perdão imundo
E que a morte nunca chegue ao teu leito
É melhor que vivas eternamente
Sejas feliz para sempre – e com medo
Vladimir Luz
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