Quem vem de Pirajá, sol a pino,
Já ouve o tambor,
E partimos, passo a passo, pela Liberdade até o Pelourinho
Quitéria veio pela ladeira do Desterro, vestida de guerra
Joana Angélica, no Convento da Lapa, fechou os portais
E o engano de Lopes, foi o segredo do golpe
E nas ruas, tantos passos foram marcados
Anônimos cajados, mãos de tantos ao mesmo tempo
Flecha ancestral, mistura de tudo num só, melanina e suor
E vem de Salvador essa estória antiga
De ver igualdade na diferença
Essa crença de ver na alegria a mesma face da luta
E de não desmerecer cada pedra, cada vestígio
Detalhes que não escapam ao tempo, esse silêncio que tudo consome
E quem vem do Tororó, do Rio Vermelho e do Campo Grande
Sabe que a vida deita pouso no sagrado
Esse recanto, essa clareira
Esse lugar - memória que se faz verbo
Carne que se fez canto, pranto que se faz alento
Data que é caminho, e não chegada: 2 de julho.
02 de julho de 2012.
Vladimir Luz
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