Imagine um lugar distante e imaginário
Um lugar cheio de questões intrigantes
Onde as pessoas valorizam concretamente mais o ter, o parecer ter, o consumir
E se perguntam assustadas: por que razão não há solidaridade ?
Um lugar onde pensar é coisa de filósofo
Arte é coisa de desocupado
Em que educação virou uma mercadoria
Em que tudo tem que ter um fim pragmático
E as pessoas se espantam: por que será que não há mais esperança?
Nesse lugar as pessoas votam na aparência, no gosto, no jeito
E se perguntam: por que será que os políticos não prestam?
Nesse lugar aquilo que não dê retorno imediato, recompensa material é besteira
E se perguntam: por que o que importa não é feito?
Nesse lugar imaginário o estar só com os seus, a intolerância com o diferente é o que vale no cotidiano
E se grita com indignação feroz: por que não temos mais liberdade?
Nesse campo de ficção, apenas o corpo com formas pré-estabelecidas pode ser belo
Apenas o jovem, laborativo e sem “defeitos” é o que importa
E se perguntam assustados: nossa, por que será que tudo é tão superficial ?
Nesse lugar, todos amam a lei, a moralidade e a punição exemplar
Mas se afirma, com risos de sincera alegria, “quem cola não sai da escola” e “quem pode mais, chora menos”
Nesse mesmo lugar, vale mais ser querido que ser sério, ser sisudo que ser alegre
A dor só vale quando for minha, e o outro só tem valor se satisfazer meus desejos mais particulares
E se pergunta com estupor em todos os cantos: por que há tanta injustiça?
Estranho lugar
Misteriosas perguntas
Vladimir Luz
Belo texto Vladimir!
ResponderExcluirComo diria Drummond "Mundo, mundo, vasto mundo, mais vasto é o meu coração".
Vamos dizer nossa palavra no mundo.
Enquanto há tempo.
Abraço
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirUau! ( http://www.youtube.com/watch?v=PITwci-uQDE )
ResponderExcluirConheço esse lugar.
Lá dói.
:(
Lindo texto! Parabéns!