Por onde anda a sua revolução?
Talvez ela esteja escondida nos pequenos afazeres do dia
Tímida, entre o banho e o café da manhã
Acanhada, cismada, observando as cores da TV
Sua revolução abraça o travesseiro em noites de insônia
Espera ligações que nunca chegam
Em cada segundo do dia sua revolução rumina lembranças
Caiando de vermelho o céu que nos observa
O mesmo céu dos antigos, moldura do homo sacer
Por onde anda nossa revolução?
Perdida em sonhos – quiçá os mesmos de antes
Corpos perfilados, pólvora e morte
Nossa revolução se esconde nesses abraços apertados
Nesses olhares que nunca se encontrarão – quiçá outros doravante
Revolução sem ganhadores nem perdedores
Uma revolução mesquinhamente libidinal
Carne e suor
E foi assim que tudo aconteceu
A revolução chegou silenciosa
Abriu as janelas
E, num desses dias de calor carioca,
Nua
A revolução se fez
26.10.2013
Vladimir Luz
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