tag:blogger.com,1999:blog-85309892370908211342024-03-05T21:29:57.957-08:00VLADIMIR LUZVladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.comBlogger87125tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-70882683122906532272023-07-08T15:00:00.007-07:002023-12-07T08:18:35.831-08:00GOL...<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtbubU78wpNFARsBrLIWlE-udQyFkiqJK3yfYEeSoF4PNen1DusyX0JEpQo3LiakIPjfp-2ua3LKcOkvZJwxtJ_hy0U17qgotcYA5Gj8VA4LzoyZDdI0bbXzMotgja4A62vbvuxmIGY4kFOdMiZbP34RAqrVhI7RLdXgFTvAxTXv1UPGvl1mx_V27A49TW/s273/download.jpg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="184" data-original-width="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtbubU78wpNFARsBrLIWlE-udQyFkiqJK3yfYEeSoF4PNen1DusyX0JEpQo3LiakIPjfp-2ua3LKcOkvZJwxtJ_hy0U17qgotcYA5Gj8VA4LzoyZDdI0bbXzMotgja4A62vbvuxmIGY4kFOdMiZbP34RAqrVhI7RLdXgFTvAxTXv1UPGvl1mx_V27A49TW/s320/download.jpg" width="320" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Painho
falava pouco. Eu achava que era comigo. Depois, descobri que era o jeito dele.
Nos poucos momentos em que ele falava, eu gostava de ouvir sua voz grave. Mal
via seus lábios mexendo por baixo do bigode grisalho. Ele tinha umas tiradas,
uns gracejos sobre qualquer situação. Depois, na Faculdade, descobri que o nome
disso é chiste. Também tinha aquelas frases, adágios que ele repetia direto,
tipo “só acaba quando termina”. Sempre que a coisa parecia sem solução, Seu
Geninho soltava o “só acaba quando termina”. Também descobri que, sob a casca
daquele homem de olhar grave, de pouca intimidade com estranhos, havia um humor
refinado. E que o humor pode ser uma ética, uma sabedoria.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Painho, seu Genivaldo, Geninho para meus
tios, era assim: disciplinado, calado, mas bem-humorado. Todavia, se o gelo
fosse quebrado e ele lhe desse ousadia... Ai... Você iria do céu ao inferno.
Ele gostava de samba e do trabalho. Era motorista da linha São Cristóvão – Barroquinha.
Se orgulhava de ter uma filha que fez Faculdade na Federal. Um dos poucos
momentos em que vi meu pai sorrir e chorar foi na minha formatura, quando ele
teve de me entregar o canudo, e, num breve momento, nossos olhos se cruzaram, e
eu vi a alegria de sua alma. Mãinha era sua grande companheira. Ele dizia que
éramos as donas dele. Eu achava diferente. Eu achava painho uma espécie de rei
africano, solene e altivo. Filho de Xangô, não tolerava injustiça. Quando via
uma injustiça, sai debaixo... Injustiça é sempre a covardia com o mais fraco,
dizia. Também na Faculdade estudei isso. Sobre autoridade, a justiça e a
injustiça. Seu olhar de reprovação era pior que um tapa. Era como se seu amor
fosse expresso no rigor. Ele dizia “Sou pelo justo, nem mais nem menos”, e bufava:
“Runf...”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Além
de mim, mãinha, a firma e o samba, sua outra família era o Esporte Clube Bahia.
O Baêa era uma das poucas coisas que tirava painho do sério. Aquele ser de ar formal
se transformava em dia de jogo. Talvez as poucas vezes que vi painho xingando
era quando o Bahia entrava em campo. Se bem que, “disgraça”, na Bahia, nem
xingamento é. Ele gritava “disgraça de juiz” o tempo todo. Não sobrava um, ele
picava a porra na mesa, ficava uma fera. Nem era bom se meter com ele nessas
horas. Eu tenho um tio gaiato que traiu nossa família e se bandeou pro lado do
time do Vice, o Vicetória, essa carniça. Quando o Bahia perdia, meu tio Felício
ligava (naquele tempo era telefone de disco e nem existia celular), e era pra pirraçar painho. Viviam se ofendendo por causa da rivalidade da gente com o
pessoal do Lixão. E, no dia que meu tio chegou em casa depois que o Bahia perdeu
um BA-VI? Ave Maria... Foi um rebuliço naquela casa. Esse mesmo tio, uma vez,
contratou um carro de som, para, de manhã cedo, ficar tocando o hino do
Vicetória na frente de nossa casa, ali na Mouraria.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Menino, nunca esqueço: meu pai nem tinha areado
os dentes, desceu virado na zorra e foi discutir com o homem da Kombi, coitado,
que apenas foi pago para realizar aquela cena! Hoje, eu penso que essa
rivalidade, com tons teatrais, era o que havia de mais precioso e genuíno na
relação deles.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Painho
me levou em vários jogos do Bahia na Fonte Nova. Cresci com a memória da
descida da ladeira da Fonte, as cores, o zum zum zum... Esses fatos ficaram na
memória, nas minhas lembranças dos momentos que tive com ele quando jovem, como
no dia da formatura. Há também uma lembrança que me pego degustando até hoje.
Quando ele me levava para escola algumas vezes. E, no caminho, me perguntava
das coisas da escola, e também comprava mingau com a senhora que ficava na
frente do Colégio Central. Ele colocava canela no mingau. Adorava café, e vivia
de prosa com os meninos do carrinho do café, empreendimento móvel que só existe
em Salvador, o que deve ter adiado a vinda dessas franquias chiques de café
para esses lados. Até hoje, o cheiro de canela me faz lembrar desse caminho. Incrível,
né: um cheiro, uma cor, uma música nos transportam para lugares e tempos
distantes... A verdadeira máquina do tempo são os sentidos. A outra lembrança marcante
que tenho foi quando ele me levou na Fonte Nova antiga. Eu era pequena, mas já
tinha minha camisa tricolor. Era um BAVI, final de campeonato, o Bahia precisava
apenas de um empate para ser bicampeão baiano, mas estava perdendo de um a
zero. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Painho
estava mais nervoso do que o de costume. Xingava o tempo todo. Eu me lembro da
torcida impaciente. Meu sentimento, naquele dia, era confuso: estava alegre por
partilhar com painho aquele dia especial de ver o Baêa, mas nervosa com a
apreensão dele. O risco do “destriunfo” era grande. Eu queria ganhar, e não
suportava imaginar a pirraça dos vicentinos se aquele placar nos tirasse o
título. Painho segurava com a mão seu radinho de pilha colado no ouvido; ele só
ouvia a Sociedade AM. Pensei em alguns instantes: aquele ser era sempre tão
seguro, mas quando estava diante de um jogo de futebol, revelava, finalmente,
as fraquezas do humano. A fortaleza Geninho, enfim, mostrava suas fragilidades
a meus olhos de criança. E estávamos ali, juntos, agoniados e torcendo. Acho
que meu amor pelo futebol e pelo Baêa vem daí. Penso, a partir disso, que a
verdadeira herança que nossos pais podem nos legar são seus afetos. Depois, eu
descobri, pelos livros e me vendo pelos espelhos da vida, que eu queria, pelo
meu desejo de ter o desejo de painho, ser parte do seu amor, o Bahia. Estudei
isso mais tarde na Faculdade, e depois, já no exercício de meu ofício – que
consiste basicamente em fazer com que as pessoas se ouçam ao falarem para mim
–, todas essas questões foram ficando mais sensíveis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Naquele
dia, tudo para mim se resolveria se o Bahia fizesse um gol. Bastava um gol para
nos libertar; bastava um gol para eu poder gritar com meu pai e com a massa.
Pois bem. Já estávamos no finalzinho do segundo tempo, e o Bahia precisava apenas
de um golzinho para ganhar o campeonato baiano. O tempo passava rápido, 42 minutos
do segundo tempo. Eis que, quando tudo parecia perdido, depois de um bate e rebate,
a bola sobra na entrada da área, e um jogador do Bahia aproveita, chuta e...
GOL!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não sabia o nome daquele jogador na
época, só sabia que ali estava um herói. Eu meio que duvidava dessa estória de
heróis. Quando era pequena, meus professores diziam que heróis eram só os dos gregos;
tempos depois, descobri que há muitos outros heróis, como minhas avós, que
seguraram a onda de toda uma geração. A gente só está aqui pela luta dos que
vieram antes. E, assim, fui descobrindo esse heroísmo do cotidiano, da
ancestralidade por vezes sem voz. E nessa minha aprendizagem, entre estudos e
Fonte Nova, passei a decorar os nomes de alguns jogadores do Bahia. Havia os
mais famosos, por causa do título nacional de 1988, Charles, e a eterna
elegância sutil de Bobô. Mas eu também sempre fui meio assim, como se diz, “do
contra”. Um astrólogo me disse que é por causa do meu signo, Aquário. Não
acredito em horóscopo. Quer dizer, só quando a previsão é boa pra mim. Por causa
desse meu jeitinho, eu sempre olhava para além do que todo mundo enxergava. Por
isso, eu gostava de um herói de 1988 nem sempre exaltado, Paulo Rodrigues, que,
para mim, era a personificação da metáfora “jogar de terno”; também tinha Baiaco,
“o pulmão tricolor”. Metáforas bonitas da zorra, vamos combinar...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;"><span style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Então, nesse dia eletrizante, esse gol foi o
gol libertador, o do título! Os gregos (de novo) têm uma palavra pra isso, mas
esses aí também não tinham mais o que fazer, não tinham uns “corre”, e ficavam
inventando palavra pra tudo. “Cartarse” é a dita palavra. A torcida explodiu de
forma catártica. Ou, como falamos aqui, “lavamos a alma”, uma lavagem das
escadarias das igrejas de nossos desejos. Foi isso. Em meus ouvidos reverberava
o barulho dos fogos. Todos pulavam. Era aquela energia, que, anos depois, pude
vivenciar, na pipoca do Chiclete passando pela Avenida 7, subindo a Castro
Alves. Foi aí que, depois do gol salvador, olhei para painho: seus olhos
estavam marejados, voz rouca, gritando: “Bora Baêa minha Porra!!” Após o jogo, painho
me colocou sobre seus ombros, “na cacunda”, como dizia, e saímos em cortejo da
Fonte Nova. Era maravilhoso ver todos pelo alto, gritando alegremente. A festa
foi longe...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 49.65pt;"><span style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%;">Sinto
falta da voz de painho. Às vezes me pego ouvindo ele praguejando nos corredores
da casa.</span><span style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Em dias de jogos do Bahia, como hoje, essas coisas
batem mais fortes. Fecho os olhos e tudo me aparece vivamente. E, em dias de
jogos difíceis, ou quando algo aperta a minha mente, sou capaz de ver seu
Geninho falando: “Só acaba quando termina...”. É uma sensação real de presença.
É justamente como vi num filme certa vez, ou seja, a verdadeira morte é ser
esquecido. O amor é um tipo de memória. A vida acaba, mas as pessoas que amamos
não terminam: elas povoam nossas memórias. Aprendi isso na Faculdade e na vida.
Ah, o nome do jogador é Raudinei. Isso ficou marcado na História como o famoso
gol de Raudnei. Para uns, um gol salvador, uma lição de persistência.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para mim, é tudo isso e muito mais. Mas chega
de laranjada, está na hora de ir pra Fonte Nova: mais um jogo... Vou levar meu
filho para seu primeiro BAVI. É isso, então. Como eu disse antes, a única coisa
preciosa que podemos legar para aqueles que chegam depois são os nossos afetos.
Hoje, penso muito sobre a importância de esses afetos permanecerem vivos na
gente. E que eles possam sempre nos habitar em qualquer momento do jogo, mesmo
aos 42 minutos do segundo tempo. São memórias que podem correr todo o campo, e
nos tocam pelas lembranças de um cheiro, um sabor, um olhar ou apenas um gol.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 49.65pt;"><span lang="ES" style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: ES; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">B.B.M.P!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 49.65pt;"><span lang="ES" style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: ES; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 49.65pt;"><span lang="ES" style="font-family: "Garamond",serif; font-size: 13pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: ES; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vladimir Luz, Niterói (RJ),
08.07, 2023.<o:p></o:p></span></p>Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-74059090944827214332021-03-05T18:59:00.004-08:002021-03-05T19:07:14.229-08:00Dor e glória<p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7luYdT9qoAg96-hOWx8zAMX1MVnoosnFWlfK7XPk-UdSSePpJ51P7b9biFne9lgh5IlKdaHx2Yn6taZbt0ETgJvxm9mPLcn1RkIBSOzJ0bEwXq5JCb8CtJ3ktD0QLMlohyZaweuk9xSZI/s268/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="268" data-original-width="188" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7luYdT9qoAg96-hOWx8zAMX1MVnoosnFWlfK7XPk-UdSSePpJ51P7b9biFne9lgh5IlKdaHx2Yn6taZbt0ETgJvxm9mPLcn1RkIBSOzJ0bEwXq5JCb8CtJ3ktD0QLMlohyZaweuk9xSZI/s0/download.jpg" /></a></div><br /><p><br /></p><p>Freud dizia que uma das causas da infelicidade humana está na degradação do corpo. O corpo é uma das testemunhas implacáveis do tempo. No corpo, as marcas da finitude se mostram mais visíveis. A velhice, assim, faz-se carne. Mas mesmo a concretude da velhice vem acompanhada de uma “illusio”. O velho, ao se olhar no espelho, sabe que aquele que observa está marcado pela ilusão do tempo, cujo reflexo é somente uma parte de si, ao passo em que a memória teima em ver outro, um estranho-familiar. Afinal, ante a ilusão especular do tempo, surge a pergunta: quem é este velho que me olha?</p><p><br /></p><p> *** </p><p>Salvador, personagem autobiográfico de Antonio Banderas em “Dor e Glória”, tem no corpo os sinais do tempo. Dores crônicas, cabelos brancos. Rugas que roubaram o viço e o brilho de antes. A máquina de tendões e músculos não mais obedecia os comandos da mente com precisão. Mas aquele velho corpo que se tornou Salvador também estava impregnado de imagens de si. Um Salvador criança, imagético, habitava também aquela velha carcaça. Salvador percebeu que, na velhice, ficava mais evidente que somos parte de nossas memórias. Antes, na juventude, a instantaneidade da vida e o silêncio das dores do corpo faziam com que as memórias tivessem um valor menos evidente em nossa autoimagem. Mas com o tempo essa imago subjetiva muda. Salvador passou a perceber que parte fundamental de si sempre foi aquele menino que ouvia extasiado sua mãe cantar enquanto lavava roupa no rio; parte de si sempre esteve na memória da casa subterrânea que povoava as imagens de sua infância. O jovem Salvador, de fato, também habitava aquele velho corpo de escritor.</p><p><br /></p><p> **</p><p>Por ocasião de seu aniversário, Caetano Veloso disse em seu Twitter: “Eu tenho muita coisa dos meus 14 anos. E, claro, da minha infância. As coisas mais importantes acontecem quando somos muito jovens”. Talvez seja essa a dinâmica geral das coisas. Vai saber. Não que coisas importantes não possam ocorrer em qualquer momento da vida, mas que esta imago da juventude se forma nos momentos decisivos de estruturação dos nossos lugares no mundo. As marcas da juventude - que em sua imagem especular a cultura antagoniza com a degeneração do corpo velho - passam a ter muita significação na velhice. Nesse sentido, Diana Corso e Mário Corso compreendem que a adolescência - essa recente criação burguesa - seja um momento decisivo na formação de nossa imago. Por isso, sempre seremos, em parte, aqueles jovens desejantes que guardamos na memória, ainda que o espelho insista em negar. Na velhice isso tudo fica muito evidente. A sabedoria da velhice, talvez, passe pela possibilidade de olhar com afeição este outro que sempre fomos nós. A dor da velhice, então, pode ser mais que a dor do corpo em declínio. Pode ser o sofrimento dessa dupla imagem que nos acompanha; a dor não referente à impossibilidade de voltar a ter o corpo jovem, mas, também, a sensação de ter traído aqueles desejos fundamentais; desejos que, com erros e acertos, sempre foram a parte mais autêntica de nós mesmos.</p><p><br /></p><p> *</p><p>O velho Salvador, depois de anos, tinha resolvido encenar mais uma peça sua. Mas sua obra deveria ser assinada por um pseudônimo. Tinha receio de identificar pessoas e fatos, afinal, tratava-se de uma obra confessional.</p><p><br /></p><p>Talvez aqui tenha se equivocado o velho Salvador. Toda arte é confessional. Mas não no sentido pessoal, imediato. Seria Fernando Pessoa mais Alberto Caeiro ou Ricardo Reis? Ou há mais do Sr. K em mim do que em Kafka ? Na arte podemos nos ver em muitos. Aí está sua estranha magia, que nos acompanha desde as pinturas de Lascaux. </p><p><br /></p><p>“Dor e glória”, portanto, é um filme confessional. Por isso mesmo ele vai além das memórias da juventude de Antonio Banderas. É um filme sobre esse que olhamos quando estamos diante do espelho do tempo; esse reflexo de memória, desejo e carne que somos nós.</p>Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-90634923825442966942015-09-10T08:24:00.002-07:002015-09-10T10:33:17.016-07:00Fragmentos de Es (His) tórias da Assessoria Jurídica Popular na Aldeia Imbuhy<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_b5eJK9rYWghyphenhyphen8QAJsOA7dwPPQ6FmffkQt6TO13E4JibFaS82rs7kmenok8Rlrt0pDr5-sId78B9t13mi1uBNtrYaacQO9jYo9bd_vXCq6v0FTXjNSUG8p3H9pNVb1F1NJkqM52yZ_j8h/s1600/11940717_416005481927542_75003880582841579_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_b5eJK9rYWghyphenhyphen8QAJsOA7dwPPQ6FmffkQt6TO13E4JibFaS82rs7kmenok8Rlrt0pDr5-sId78B9t13mi1uBNtrYaacQO9jYo9bd_vXCq6v0FTXjNSUG8p3H9pNVb1F1NJkqM52yZ_j8h/s320/11940717_416005481927542_75003880582841579_n.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-size: 10.0pt;">“Não sou eu
quem me navega<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-size: 10.0pt;">Quem me
navega é o mar”<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-size: 10.0pt;">(Timoneiro
– Paulinho da Viola)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
* <o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Marc Bloch já teria dito que a grande
tentação do historiador é a genealogia. A fascinação pela origem, a gênese, o
inicio de tudo. Essa tentação também é um grande desafio. Afinal, como
identificar, numa cadeia de fatos complexos e caóticos, a raiz fática, o ponto
causal onde tudo se desenrola e faz gerar certas conseqüências e não outras? Indo
além: uma grande “história” seria o conjunto de invisíveis “estórias”? Como
mensurar, no mosaico da vida humana, os detalhes invisíveis de centenas,
milhares de fatos? Qual o lugar, nesta narrativa que chamamos “história”, do
não-dito, daquilo que esta radicado na memória pessoal e em nada mais? De quantos
silêncios se faz uma grande história? Foi lá no Imbuhy que este tema me veio à
mente.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">**<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Seu Navega é um artesão de mão cheia.
Não havia canoa que passasse pelo Imbuhy que ele não desse jeito. Navega tem
aquelas mãos raras, olhar apurado dos fazedores de coisas. Há pessoas, como Seu
Navega, que nascem com essa inata manualidade-do-mundo. Uma habilidade
concreta, inserta entre a idéia e a concretude. De uma peça bruta de madeira ele
faz nascer uma escultura; seu dom é o de consertar, o de construir, o de (des)velar.
Foi Ailton, seu filho, quem me disse que seu pai (Navega) foi ampliando e
reformando sua casa aos pouquinhos. Como era impedido pelos militares de entrar
com material, Navega ia e voltava várias vezes, de bicicleta, trazendo o
material de construção em pequenas partes para levantar a laje da casa. Ailton
lembra vivamente o esforço do seu pai e de sua família, na calada da noite,
unidos, levantando e ampliando partes da casa que ainda hoje residem na Aldeia
Imbuhy.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Foi assim que, numa reunião com os
moradores do Imbuhy, pude fitar Ailton diretamente nos olhos, e ele me disse
mais ou menos assim: “é por essa casa, por este esforço de meu pai que eu luto
pra ficar aqui”. Nenhum arrazoado jurídico poderia ser mais convincente, para
mim, do que o silêncio que se seguiu após esta confidência.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">***<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando tudo começou? Seria a partir da
primeira bandeira do Brasil bordada pela Dona Iaiá? Ou a genealogia estaria no
tempo em que as canoas partiam livres rumo mar adentro, e, como diz Jorginho,
“se pegava os peixes de mão”? Ou a gênese estaria refletida em centenas de estórias
de amor e de perda que se sucederam? Casas demolidas são apenas fragmentos de
estórias? Ou tudo já vem desde quando o último Tamoio pereceu aqui por perto
onde hoje há fumaça e asfalto? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vai saber... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por enquanto há motivos para se
pensar nessas estórias inauditas que vamos colhendo aqui e ali. Afinal, Assessoria
Popular não seria outra coisa, senão apurar os ouvidos e a sensibilidade? Relatos,
silêncios e gestos que são como as esculturas de Seu Navega, canoas sem destino
neste marzão de sentido. Talvez Warat concordasse com isso: a origem é sempre afeto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">09 de
setembro de 2015<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vladimir de
Carvalho Luz<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Foto de Vladimir Luz. Visão frontal da praia da Aldeia Imbuhy - Niterói (RJ)<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-66000253859897463962014-08-12T05:44:00.000-07:002014-08-12T05:52:31.513-07:00Gênio Indomável<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><b>....</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-BYO8wLLBQWVqDEilZ-DngMWGu-4NIfV0GkVuthebRGXYz3wjDW8lInpfD9jvHlNdPyz4h8dvPZZxtrqRtcJbLFi9BnF_JNitoermaaurqrjWrmi5FiE-t2nO6p_OJ48_nrtIOuTSVVhW/s1600/Genio+Indom%C3%A1vel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-BYO8wLLBQWVqDEilZ-DngMWGu-4NIfV0GkVuthebRGXYz3wjDW8lInpfD9jvHlNdPyz4h8dvPZZxtrqRtcJbLFi9BnF_JNitoermaaurqrjWrmi5FiE-t2nO6p_OJ48_nrtIOuTSVVhW/s1600/Genio+Indom%C3%A1vel.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Michel Onfray,
professor de filosofia, tem um curioso diagnóstico: “é um paradoxo, mas nós,
professores, somos feitos para não existir”. A necessidade </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">de um “desligamento”
necessário sugerido por Onfray, de uma relação pedagógica pautada na busca da
autonomia dos sujeitos (alunos e professores) me faz pensar sobre o filme “Gênio
Indomável”, particularmente na relação terapêutica estabelecida entre os
personagens Will Huting (Matt Demon) e Sean McGuire (Robin Williams).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Will morava num
subúrbio. Trabalhava em empregos de baixa qualificação, saia com os amigos para
beber, se divertir e arranjava algumas brigas, as quais lhe renderam algumas
detenções; mas Will possuía uma diferença, ele era o que se convencionou chamar
de “gênio”; mas era um “gênio indomável”, como bem sugere o título em português
(no original Good Will Huting). Ocorre que Will foi descoberto “por acaso” por
um professor catedrático em matemática, quando, ao fazer a limpeza no pátio da Universidade,
resolveu um dificílimo problema de matemática deixado num quadro. Finalmente
descoberto o autor da façanha, uma questão urgente deveria a ser resolvida: por
conta de suas arruaças, um juiz determinou que Will poderia ficar em liberdade
provisória, contanto que buscasse ajuda terapêutica regular, o que foi
encaminhado pelo professor que o descobriu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Com todo gênio, Wiil
era realmente indomável. Resolvia problemas de matemática cada vez mais
complexos, mas, porém, sua personalidade arredia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">e seu temperamento
construíram uma couraça que o tentava proteger do mundo. Will criou um
verdadeiro inferno para todos os terapeutas que foram procurados. Até que Sea
(Robin Willams) passou a ser o seu terapeuta. Tudo mudou desde o primeiro
encontro. Will. Aos poucos Will passou a ser entregar no processo terapêutico,
Mas mesmo quando ambos estavam envolvidos em seus diálogos, o terapeuta olhava
o relógio e dizia “times is up”. E no final, após um emocionante processo de
descoberta, Will pergunta: “É o fim”? “Sim, agora é com você, ’time is up’,
disse Sean. Desde então, Will não mais voltou para o trabalho que fazia antes,
tinha pegado a estrada, após ter conseguido um ótimo emprego, mas preferiu
primeiro encontrar a garota que amava na Califórnia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Parece que um pouco
disso tem ligação com o que Onfray falou, claro que num<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">contexto diferente. Educação,
como processo de autonomia (terapia?), é justamente isso: saber a hora de dizer
ao aluno que o tempo acabou, que é hora de se virar, mas que há ali alguém para
ouvir, e não só falar, e se falar, falar apenas de experiências e não de
roteiros prontos; saber que existe a hora do encontro, do diálogo, mas que também
há a hora da partida, e que aprender, apesar de livros, dos professores e dos
métodos milagrosos, é uma decisão pessoal. Essa concepção não desonera o
professor de suas tarefas essenciais, apenas reafirma uma ideia enfraquecida em
tempos atuais: a responsabilidade pessoal<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">do aluno em sua
formação, Por isso que Onfray, inspirado em Nietzsche, pensa que professor é
aquele que faz tudo para que o aluno vire mestre, que siga seu caminho, sua
estrada, aquele que sabe dizer “time is up”.</span><o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
P.S. Texto feito em 2011... hoje, Sol em Leão, lua em peixes... sem Robin WillamsVladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-23702474271585856672014-04-19T10:51:00.004-07:002014-04-19T10:51:59.902-07:00SAJU - A PRÁTICA CONCRETA DA UTOPIA<br />
Um texto antigo, dos idos dos 90, feito um aluno comum, qualquer um ...<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwvXDzf3xo8hWarIj8_1FWlqHWTa7OTEsHgnFa36Zp3VULlWGYkeP9krgy5PMGYjMe8d2uOTVO17FYtHVzah_rNvDeWm44xbMYVdsdbNIbGh_IyRF6fqtz02Ukvu3NdYYuhpSEIEifs5EH/s1600/Material-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwvXDzf3xo8hWarIj8_1FWlqHWTa7OTEsHgnFa36Zp3VULlWGYkeP9krgy5PMGYjMe8d2uOTVO17FYtHVzah_rNvDeWm44xbMYVdsdbNIbGh_IyRF6fqtz02Ukvu3NdYYuhpSEIEifs5EH/s1600/Material-2.jpg" height="640" width="465" /></a></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-13412861109622871262014-03-07T18:24:00.001-08:002014-03-07T18:24:20.757-08:00ISAAC<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMQg_dyoWHdK2ivi_Fe-YspBPdVuyIsNi4577VUGdfQfnC1wfxU5T5MDUgMFEp2nc_hqw57U6YoL8FMDSbYbbfsuHvatfiHgaMCKiL6h-HXQWnEL0Jhwbg0c0LwPAQZGym-CcW_UDPcLCR/s1600/El+baile.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMQg_dyoWHdK2ivi_Fe-YspBPdVuyIsNi4577VUGdfQfnC1wfxU5T5MDUgMFEp2nc_hqw57U6YoL8FMDSbYbbfsuHvatfiHgaMCKiL6h-HXQWnEL0Jhwbg0c0LwPAQZGym-CcW_UDPcLCR/s1600/El+baile.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br /><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
*<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As baratas continuavam a invadir
a casa. Por entre frestas úmidas do grande sobrado, os pequenos insetos
esgueiravam-se durante a noite, invadindo os cômodos desocupados. No piso superior,
as baratas preferiam passear no estúdio abandonado, misturando-se ao pó dos
quadros antigos, aproveitando a textura gasta das grossas cortinas de algodão.
Já no piso inferior, o grande salão de festas era o palco predileto dos insetos
silenciosos. Uma por vez, tal qual exército disciplinado, as baratas chegavam
ao salão descendo pelo forro, voando pela janela, como tivessem sido convidadas
para uma noite de gala. Dessa forma ordeira. elas iam se acomodando, comiam e
bailavam, dia após dia, sempre em número
cada vez maior. Na medida em que crescia o número de insetos em casa, aumentava
também no velho Isaac o seu amor por Laila.<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
**<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sentado em sua cadeira de
balanço, o velho Isaac tomava seu chá da tarde. Mesmo naquela hora, o
barulhinho de pequenas patas se arrastando já poderia ser ouvido. O ocaso ainda
derramava suas últimas luzes nos amplos espelhos da casa, quando o velho ouviu
os passos de Laila. Ah... como era possível ainda lembrar dos olhos de sua
falecida esposa. Grandes olhos de cor incerta, como pontos de luz perdidos em
alguma direção. Então ela chegava, quase sempre no mesmo horário, pousava suas
finas mãos sobre os cansados ombros de Isaac. Ele podia sentir as afiadas unhas
de Laila arranhando o seu braço. O pensava em voz alta: “mor, que saudade eu
tenho de suas unhas afiadas”. Mas sempre que ele murmurava tais pensamentos as
baratas não se incomodavam, continuavam impassíveis, saboreando a carne do bom
velho Isaac.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
***<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
À noite, como fazia há anos,
Isaac vestiu seu terno preto. Apesar dos anos de prática, já não conseguia dar
um nó simétrico. E como sempre acontecia, ao descer a grande escadaria rumo ao
salão, vinha-lhe a imagem da grande festa de 1935. Lá estavam todos os seus
amigos. Marcos Silva, recém-chegado do exército, e sempre com seu traje
impecável. Catarina, a enigmática Catarina, vestida com panos flutuantes,
falando alto, empolgada com a música e o vinho. Pais, tios, até o seu avô,
Abraão, estava já. Um momento verdadeiramente inesquecível, justamente porque
no meio da multidão, em pleno clima vaporoso, um olho cintilante brilhava, era
ela: Laila.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não foram necessárias palavras.
Isaac lembrava-se da forma instantânea em que os dois se olharam, e, num
encontro repentino dos seus corpos, passaram a dançar no imenso salão. Enquanto
se embebedava com as lembranças, Isaac rodopiava no agora empoeirado salão.
Como naquela noite inesquecível, agora também todos os olhos estavam voltados
para o casal. Só que agora os pequeninos olhos, diminutos pontos na escuridão,
não conseguiam entender tamanha empolgação do velho Isaac. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
****<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Após todo o ritual de lembranças,
o velho Isaac ia se recolher. Deitado em sua grande cama (o espaço ao seu lado não
era menor que a dor de sua alma), Isaac descansava seu velho ser fatigado de
imagens. Porém, como também já vinha acontecendo há anos, antes de dormir Laila
lhe acariciava o corpo, e o velho sentia na carne suas unhas afiadas, o passear
delicado de suas mãos, até que ele sentia um toque úmido nos lábios. Só depois
deste rápido contato, o velho Isaac poderia dormir em paz, e as baratas se
despediam do bom velho, desaparecendo em seus obscuros esconderijos, à espera
de um novo encontro, ansiosas por novos gestos de amor.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vladimir Luz (Conto publicado na Revista da Academia Criciumense de Letras, 2005)</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Gravura: "En el baile" de Edward Cucuel</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><br /></o:p></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-48664358556244835572014-02-07T18:24:00.004-08:002021-12-29T07:14:25.880-08:00A GRANDE BELEZA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLIZGpj_WxfpzunrM3SE_o_yZrmsqGi0hmP0cFQUvRJP6nAJc69RX7CpOS0w3TCdS_wHTIcD_KDaUIQM7H0gG81bUwstldhA5kt690S0ivZfIcYKYqY4GICsS_XF9RYIbgkNj__Wm-_zH3/s1600/00bellezza.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLIZGpj_WxfpzunrM3SE_o_yZrmsqGi0hmP0cFQUvRJP6nAJc69RX7CpOS0w3TCdS_wHTIcD_KDaUIQM7H0gG81bUwstldhA5kt690S0ivZfIcYKYqY4GICsS_XF9RYIbgkNj__Wm-_zH3/s1600/00bellezza.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;">"O mundo é uma obra de arte que engendra a si própria'</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: x-small;">(Nietzsche, Vontade de Potência</span>)</span></div>
<br />
<br />
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">***<span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></span><br />
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não
era uma questão de opção: ele estava destinado à sensibilidade. Deitado em sua cama
podia ver o mar no teto com todo aquele azul intenso e infinito. Ondas, ondas. Da
sacada de seu apartamento, o Coliseu se abria aos olhos como um quadro. Outrora
homens ali morreram e se divertiram, sangue e risos foram gravados em cada tijolo
daquelas colunas magistrais. Mas sempre ela, sempre ela, a sensibilidade. Festas, riso,
dança, sexo, rotina, e sempre ela a espreitar, a sensibilidade. Ele era assim
não por simples decisão, era seu mandato ser um observador metafísico, mundano,
irônico e incrédulo dessas coisas intensas e ao mesmo tempo ridículas que
somos. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 107%;">No meio disso tudo, por certo, havia uma busca inaudita. Quem saberá? Quem poderá ver a grande beleza? Mas
o fato mais latente é que havia uma profundidade imperceptível em toda
superfície, e ele bem sabia disso. Fenomenologia, diriam os doutos. Cada detalhe, como as reentrâncias e cores do mosaico da Via Triumphalis, cada gesto
humano, por mais fútil e banal, espancava-lhe a sensibilidade inata e bruta. </span><span style="line-height: 107%;">Era como não
se lhe fosse dado o direito de ignorar que, mesmo com toda sua grandiosidade, há
frestas no Coliseu. As ruínas são os corpos esquecidos do novo. O novo esta nas
fissuras. Seres humanos participam compulsoriamente desse enredo. Basta ver o que se gravou em cavernas, papiros, pergaminhos e blogs. Pobres animais falantes, irremediavelmente jogados na consciência do constante vir-a-ser, que buscam, inconscientemente, gravar algo sólido e imemorial no presente fugidio. Tudo então se resumiria </span></span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%; text-indent: 1cm;">–</span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 107%; text-indent: 1cm;"> essa longa história depois do verbo </span><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 107%; text-indent: 1cm;">–</span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 107%; text-indent: 1cm;">, a f</span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 107%; text-indent: 1cm;">restas e rugas, pedra e carne. No pó das ruínas sim, ali havia uma essência, séculos de ontologia: início e fim. Por
tudo isso, amiúde ele percebia que em cada gesto humano há uma clareira, um
enclave, um lugar cinza entre o velho e o novo, um campo agônico entre o grandioso
e o fútil. Por isso, então, temos a arte, essa testemunha parida das coisas que só a
sensibilidade captura. E ele olhava tudo isso com aquele olhar de quem já viu
muito, viveu muito. E mesmo com tanto, escrevera apenas um livro. Para que
mais? Para que? O final já não é por demais sabido desde o início? Festas,
riso, dança, sexo, rotina e ela, sempre ela, a sensibilidade; aquela que não o
deixaria nunca, mesmo agora quando tudo já tinha o cheiro ácido do tempo. Jep
Gambardella acabara de completar 65 anos.</span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">**<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 107%;">Li
muitas coisas sobre o festejado filme de Paolo Sorrentino "La Grande Belezza"</span>. Coisas como: a influência
de Fellini, Roma como cenário, a multiplicidade de temas num roteiro não
linear, um conflito entre o novo e o velho, clássico e pós-moderno, uma crítica
à futilidade da sociedade e à superficialidade da arte contemporânea, decadentismo,
brevidade do tempo, existência, hedonismo, enfim, um filme pretensioso...
Respondo a tudo isso com “Jepinho”: blá, blá, blá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 107%;">Nada
disso, isoladamente, parece-me tão relevante assim. Ainda que haja, de fato,
todas essas questões – o que já faria do filme algo genial –, "La Grande Belezza" </span>trata, em verdade, de
algo infinitamente relevante e sutil: a experiência da vida como uma experiência
estética. Aí a coisa pega, e pega a todos nós. Ademais, não só por Roma e pelos
personagens caricatos vemos a presença de Fellini em “A Grande Beleza” como
dizem insistentemente os críticos. O grande <i>maestro</i> se faz presente no elemento
onírico que atravessa todo filme, mitigado, é certo, pelo estilo próprio de
Sorrentino. O que atravessa é o absurdo da realidade e do cotidiano, dos tipos
humanos, o ridículo que convive com a beleza, e, em meio a tudo isso, ao lado de toda superficialidade, do medo e de todas
as belezas, há sempre a grande beleza, aquela que não precisa de uma razão
controladora. Ela é. Para a grande beleza, há também uma “grande arte”. É essa experiência estética em estado bruto que chega, que
toca. Tudo isso é decantado finamente num roteiro propositalmente repleto de
experiências e tipos humanos: o padre (cotado a Sumo Pontífice) que jocosamente foge dos assuntos sérios e
espirituais e fala de receitas, a vida mundana de novos ricos e suas festas
bregas, os nobres decadentes com suas mansões suntuosas, a religiosa tratada
como “santa”, a pintura contemporânea feita por uma criança que joga tintas aleatoriamente em um
painel. No centro do filme esta o olhar de Jep Garmbardella, um “bon vivant”,
um cético jornalista que escrevera apenas um livro, e que vive os tormentos do
tempo e a lembrança da mulher que amara. É neste aspecto sutil que o filme "La Grande Belezza" pode ser chamado, sem exageros, de obra-prima: exatamente
pela experiência estética proporcionada pelos olhos de Jep Gambardella. Jep somos todos nós. Dessa identidade humana é que se faz a grande arte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">*<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Jep
Gambardella escrevera apenas um livro. O que ainda há por ser dito? Tudo já foi descoberto
pela razão. As coisas inevitavelmente passam. Pessoas morrem. Frestas ficam. Cicatrizes. Talvez
possamos, à noite, encontrar aquele amigo que é o guardião das chaves dos palácios para então passear por entre os salões da tradição e assim trapacear com o
tempo. Talvez possamos nos fechar ao falatório do cotidiano. Ir ao silêncio dos
antepassados e beber dos clássicos seu vinho raro. Tocar o mármore primevo do
sentido com o cinzel utilizado pelo demiurgo que deu forma e vida a tudo isso que não se
explica. Mas Jep sabia que não há escapatória: há festas, riso, dança, sexo,
rotina e ela, sempre ela, a sensibilidade. No fundo, o instante desencontrado do
amor é a grande arte, seja ela o que for.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Por tudo
isso é que não se consegue sair do cinema imediatamente após o término de a “A Grande Beleza”. Letras descem (ondas, ondas) e lá ficamos, paralisados. Entramos em nosso Coliseu. De repente, por segundos, pairamos em um território inóspito de nós mesmos, onde girafas, cadeiras e o cinema desaparecem. É que ela, mais uma vez ela, sempre esteve ali: nesse lugar que às vezes voltamos, mesmo sabendo que tudo
é um truque.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Bravo!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">08.02.2014<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 21.3pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Vladimir
Luz</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7gS-i4tEgzJHGyJEO0aKtXpZnhZRIXByZ4mHzUN4OWFQSPLzMzsJh6zasPk6QfhXyGC18Pw2IFElWU0fTucebav7jxaFsJmDLw-z5YP6g0ItP6Ay-f98TFHSJMQDJz_R_7QIY4rRj8tPh/s1600/coliseu.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7gS-i4tEgzJHGyJEO0aKtXpZnhZRIXByZ4mHzUN4OWFQSPLzMzsJh6zasPk6QfhXyGC18Pw2IFElWU0fTucebav7jxaFsJmDLw-z5YP6g0ItP6Ay-f98TFHSJMQDJz_R_7QIY4rRj8tPh/s1600/coliseu.jpg" /></a><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/M7tII8Dn8rE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-75011585636203678212014-01-20T11:30:00.005-08:002014-01-20T11:34:16.408-08:00SUA ESCRITA<div>
<br /></div>
Quisera eu escrever assim<br />
<div>
<br /></div>
<div>
Como um dia em Laranjeiras</div>
<div>
Uma tarde em Botafogo</div>
<div>
Um pôr-do-sol na Gávea</div>
<div>
Um olhar perdido na Tijuca</div>
<div>
Naves em Niterói</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Escrita como um amor instantâneo</div>
<div>
Como essas pedras colossais</div>
<div>
Granito e suor</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Quisera eu escrever assim</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Com vísceras</div>
<div>
Com alma (lavada ou não)</div>
<div>
Ser que recusa ser ente</div>
<div>
Pão saído do forno</div>
<div>
Café no copo</div>
<div>
Sono abraçado</div>
<div>
Uma mão que se estende entre praças</div>
<div>
Monumentos de prazer e ócio</div>
<div>
Corpos que se devoram (na esquina do Leme)</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Quisera eu escrever assim</div>
<div>
<br /></div>
<div>
O Rio seria palavra inaudita</div>
<div>
Ferida</div>
<div>
Partida</div>
<div>
Encontro</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Aí sim - eu escreveria como você.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
20.01.2014</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Vladimir Luz</div>
<div>
(Revisão, diagramação e afins de Rosane Serro)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAhOJ8Cv_MqpsO8kHJjb2QVzFTSqXUyZwrEK3elpaXcPsHpRTcWx-Lg7iyNS-MF4NWTN8AaVA62e5Ef1QFX1zRDe36zgMIprtt2gqcfL9oY8EobTOLaGNLgAZuV8gvIW3pEFPekFba-KiY/s1600/2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAhOJ8Cv_MqpsO8kHJjb2QVzFTSqXUyZwrEK3elpaXcPsHpRTcWx-Lg7iyNS-MF4NWTN8AaVA62e5Ef1QFX1zRDe36zgMIprtt2gqcfL9oY8EobTOLaGNLgAZuV8gvIW3pEFPekFba-KiY/s1600/2.jpg" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-8119797990458442502013-11-24T18:23:00.000-08:002013-11-28T10:01:01.541-08:00POEMA PARA DANÇAR EM CASAMENTOS...<br />
<br />
Quando a porta se abriu<br />
E a voz, ao fundo, cantarolava<br />
O sol pode se abrir<br />
O tempo sorriu<br />
Todos dançavam<br />
E não havia rancor em seus olhos<br />
Beijos do passado, nem nós atados<br />
Apenas imagens de cristal<br />
Caleidoscópios<br />
Ao longe<br />
Pés na grama, cachorros latindo<br />
Riso discreto da menina do canto<br />
Abraços tão forte como o vento do sul<br />
Foi, assim, como num filme<br />
Alaridos, serpentinas<br />
Crianças correndo pela sala<br />
Medos solenes em vinho<br />
Couraças de papel <br />
Partituras de chocolate<br />
Amarras de algodão<br />
Sapatos de nuvens<br />
Portas de espuma<br />
Carinhos de ondas<br />
Nucas de morango<br />
Afagos de proparoxítonas<br />
Sexo onomatopaico<br />
Calafrio sem pudor<br />
Máquinas de escrever <br />
Muitos lá-menores<br />
Sustenidos<br />
Com sétima<br />
e..<br />
Quando a porta se abriu<br />
Solenemente<br />
Eu pude dizer<br />
Sim<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRIKwBFXDtV09bIjuZHTa9-fm1wY5RDCcOdLDP-bMUOe8GJakcsmwtmF_6zlD6QF7fBoaCquJAyj-mPqZcxh7ZBe1E1gqVMm7NTPEBZfV8Iv2Qn2ZeLuxSJB9cHlGJMU0gTXKJvs5HDR4r/s1600/fifties-dance.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRIKwBFXDtV09bIjuZHTa9-fm1wY5RDCcOdLDP-bMUOe8GJakcsmwtmF_6zlD6QF7fBoaCquJAyj-mPqZcxh7ZBe1E1gqVMm7NTPEBZfV8Iv2Qn2ZeLuxSJB9cHlGJMU0gTXKJvs5HDR4r/s320/fifties-dance.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-21951602475985429842013-10-26T10:15:00.002-07:002013-10-26T10:20:31.422-07:00REVOLUÇÃO<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p> ....</o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por onde anda a sua revolução?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez ela esteja escondida nos pequenos afazeres do dia<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tímida, entre o banho e o café da manhã<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Acanhada, cismada, observando as cores da TV<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sua revolução abraça o travesseiro em noites de insônia<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Espera ligações que nunca chegam<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Em cada segundo do dia sua revolução rumina lembranças<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Caiando de vermelho o céu que nos observa<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O mesmo céu dos antigos, moldura do <i>homo sacer</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por onde anda nossa revolução?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Perdida em sonhos – quiçá os mesmos de antes<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Corpos perfilados, pólvora e morte <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nossa revolução se esconde nesses abraços apertados<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nesses olhares que nunca se encontrarão – quiçá outros doravante<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Revolução sem ganhadores nem perdedores<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Uma revolução mesquinhamente libidinal<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Carne e suor<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E foi assim que tudo aconteceu<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A revolução chegou silenciosa<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Abriu as janelas<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E, num desses dias de calor carioca, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nua<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A revolução se fez<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGltE57rTAvm5Pb2-LqzHEm-ixZQyIiyCATb_RegrDUl925WQIefCLEHQIsi3wWUfXQD_cIsrHk4YVouMV_JtJk6CmuEV7t8k1onxfdh_2KeNShbaTyrBnNWdYfAXsGYdsoWLW3bBzCF-i/s1600/images+%25283%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGltE57rTAvm5Pb2-LqzHEm-ixZQyIiyCATb_RegrDUl925WQIefCLEHQIsi3wWUfXQD_cIsrHk4YVouMV_JtJk6CmuEV7t8k1onxfdh_2KeNShbaTyrBnNWdYfAXsGYdsoWLW3bBzCF-i/s1600/images+%25283%2529.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
26.10.2013<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Vladimir Luz<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br /></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-30674140771433158722013-10-20T10:35:00.000-07:002013-10-20T11:02:34.740-07:00AFROEMAS – Xangô (100 anos de Vinicius de Moraes)<br />
...<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEGQMG4yR6li7K72uWqw8_PxMluyru03Rm00IIIo_UxNpfA-WTIne4y3gKLKjrEEDAOGaA-Ttj_uxKJyJEat2-PWkN_g9tm6tjuRcbNZUJwfgc_qQ-oZrPes2CZeGSuyNpNijZs0_8aK-q/s1600/ox%C3%A9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEGQMG4yR6li7K72uWqw8_PxMluyru03Rm00IIIo_UxNpfA-WTIne4y3gKLKjrEEDAOGaA-Ttj_uxKJyJEat2-PWkN_g9tm6tjuRcbNZUJwfgc_qQ-oZrPes2CZeGSuyNpNijZs0_8aK-q/s1600/ox%C3%A9.jpg" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para quem tudo foi tirado – Todos são iguais perante a Lei? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Para os que viraram coisa – famélicos do mundo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Para os que rondam os palácios de mármore – Construídos por
quem?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eis a sombra do fogo que desce o caminho<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Vermelho, sangue de tantos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eis a justiça, epieikeia – Oxé!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para os que erguem tribunais espúrios – atiram a primeira
pedra?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Para os sacerdotes da verdade – vendilhões que buscam templos!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eis a sombra do trovão, Zeus – Yorubá<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para os que têm sede de justiça – urdidura do presente</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E não perdem a ternura</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Jamais.<o:p></o:p><br />
<br />
20.10.2013<br />
Vladimir Luz<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBfkwAlzQ48OZsSahurbApJ4XMHqbIBbTOI_8usqAxfOWY8dLD9NAr77xVcAx2VoLMcKsJ0te5ygmbAnwIqubNrdDFH3LZvZIm-v-GeOKqYc9eVZ49jli6wGzPKiL7c_TIg8yfomPbUtze/s1600/download+(7).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBfkwAlzQ48OZsSahurbApJ4XMHqbIBbTOI_8usqAxfOWY8dLD9NAr77xVcAx2VoLMcKsJ0te5ygmbAnwIqubNrdDFH3LZvZIm-v-GeOKqYc9eVZ49jli6wGzPKiL7c_TIg8yfomPbUtze/s1600/download+(7).jpg" /></a></div>
<br /></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-57971863060943730472013-10-19T12:20:00.002-07:002013-10-19T12:20:55.882-07:00AFROEMAS – OXOSSI (100 anos de Vinicius de Moraes)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7-dns2ik9ybR5VTKQtX58A-fMmb4Jl5pa8JcufQJISgMffYQjuLIoX7zdFZaxSuhzgdRW9fJnq6UAuflSsnmPtmq5rQUNQ83IH9NCxvc3auWiGDiLXYSauwEDndzOiLcNXFm46Qt2KM_T/s1600/Orishas-by-Noire-3000-aka-James-C.-Lewis-Oxosi.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7-dns2ik9ybR5VTKQtX58A-fMmb4Jl5pa8JcufQJISgMffYQjuLIoX7zdFZaxSuhzgdRW9fJnq6UAuflSsnmPtmq5rQUNQ83IH9NCxvc3auWiGDiLXYSauwEDndzOiLcNXFm46Qt2KM_T/s320/Orishas-by-Noire-3000-aka-James-C.-Lewis-Oxosi.jpg" width="213" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Flecha da
vida - cortante<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Flecha do
destino<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Fronte luzente,
melanina<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Fronte de
muitos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Canto que
cruza o Atlântico<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Olhar
penetrante, silêncio<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Mata, urbe,
pólis<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Golpe <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Flecha da
vida – cortante<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Flecha do
destino<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
A força de
tantos – liberdade<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Vida que
teima, renasce<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Andar sobranceiro,
vitória<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eros,
Aruanda<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Ofá, afeto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Flecha da
vida - cortante<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Flecha da
vida - poesia<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Sempre</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<o:p> </o:p><o:p> </o:p> </div>
<div class="MsoNormal">
<o:p> </o:p> </div>
<div class="MsoNormal">
19.10.2013<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Vladimir Luz</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiesJRrhvjawh4B_mVwB3y-o6REzkyuNCa8IrF6Cwl6dYcRjay61lGcK5k79d5DRgIY3PPtOZp_eSarvz3VlMwt8U0b045adp8qtJtajlIQZpCYQwU2UbKa66fHBmrERxnZiVpvfcecjkEN/s1600/vinicius.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="122" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiesJRrhvjawh4B_mVwB3y-o6REzkyuNCa8IrF6Cwl6dYcRjay61lGcK5k79d5DRgIY3PPtOZp_eSarvz3VlMwt8U0b045adp8qtJtajlIQZpCYQwU2UbKa66fHBmrERxnZiVpvfcecjkEN/s320/vinicius.jpg" width="320" /></a></div>
<o:p></o:p>Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-41640528603679497942013-10-18T10:34:00.000-07:002013-10-18T10:34:01.106-07:00VINICIUS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUxoGNAwmog-ElL9N2Nyudi-krKtmwkrh15QxVMMLzK2W3aJk7IP0fAseDYJ9b2jhBjR5AsUuXhj11MflRla2z9-5kDHRCpjJ7GD5VkaQvPRKP6HOsLkcORw42i9npdLquELFeB87wo2F5/s1600/vinicius.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="122" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUxoGNAwmog-ElL9N2Nyudi-krKtmwkrh15QxVMMLzK2W3aJk7IP0fAseDYJ9b2jhBjR5AsUuXhj11MflRla2z9-5kDHRCpjJ7GD5VkaQvPRKP6HOsLkcORw42i9npdLquELFeB87wo2F5/s320/vinicius.jpg" width="320" /></a></div>
<br style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">Vi partidas</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">Armadilhas</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">Vi emoções</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">Ilusões</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">E se me fecharam os olhos</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">Vi poesia</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">Vi inicios</span><br style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">Vinicius</span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">18.10.2013</span><br />
<span style="background-color: white; color: #141823; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px;">Vladimir Luz</span><br />
<br />Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-83261325422553710362013-10-10T12:18:00.003-07:002013-10-10T12:18:52.680-07:00EPÍGRAFE <div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; white-space: pre-wrap;">
...</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlNr9aWJ_a1QyJu8-tb2idoyJ8CPmus2kE8gektj1u63eszFazImScnrkCwA_Ak6pkrh5WJgHvAk6Ro5tzTzh93GjuG4Z37ZQxMThyphenhyphenAZlkUhBIL2elz-nfyzGUCAbi4yYxcXE3nJeHuy8I/s1600/oshotrust.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlNr9aWJ_a1QyJu8-tb2idoyJ8CPmus2kE8gektj1u63eszFazImScnrkCwA_Ak6pkrh5WJgHvAk6Ro5tzTzh93GjuG4Z37ZQxMThyphenhyphenAZlkUhBIL2elz-nfyzGUCAbi4yYxcXE3nJeHuy8I/s1600/oshotrust.jpg" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; white-space: pre-wrap;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
Nem tanto amor nem tanto ódio
O que mata é a indiferença</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
Nem vitória nem derrota
O que enoja é a falta de utopia</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
Nem inteligência nem burrice
O que nos condena é essa brutal ausência de espanto</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
Isso serve para mim, serve para nós...</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
Nem pecado nem luxúria
A questão está no medo de viver</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
Nem tanto a juventude nem tanto velhice
O tempo é um só</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
Nem inícios nem finais
O sentido está no caminhar </div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
Tudo isso pode não servir
E que assim o seja
Para mim e pra nós</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
10.11.2007
Vladimir Luz</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-top: 10px; white-space: pre-wrap;">
Imagem: Carta do Tarot de Osho</div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-32082983789687207652013-10-09T21:20:00.002-07:002013-10-09T21:25:07.488-07:00METÁFORA<div class="MsoNormal">
...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5RSUvSvI8S_Yr2TIDCNmbRZO5P-BTdW9KN-QisFuXErNb97zIC37gc7pcZb205J_oyeykarpuhwr2pfXadUuRzQYC2zTZ4a9gQlGEv9mdTdZQa3z-rVrhec4R9p5Yj1A6Td8greKA3_-y/s1600/MAGRITE.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5RSUvSvI8S_Yr2TIDCNmbRZO5P-BTdW9KN-QisFuXErNb97zIC37gc7pcZb205J_oyeykarpuhwr2pfXadUuRzQYC2zTZ4a9gQlGEv9mdTdZQa3z-rVrhec4R9p5Yj1A6Td8greKA3_-y/s1600/MAGRITE.jpg" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Toda verdade é pouca<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quando a imagem, Oca,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aquece a face do destino<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Toda razão é louca<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quando a vida, Pouca,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Deixa o corpo em desatino<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Toda rima é rota<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quando a palavra, Solta,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Faz-se corpo libertino<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E na lassidão do sentido<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tudo é flor<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tudo é parido<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tudo é dor <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez amor, anjo da luz<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Anjo caído<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
04.02.2009<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Vladimir Luz<br />
<br />
Quadro de <span style="background-color: white; color: #555555; font-family: Verdana, 'BitStream vera Sans', Tahoma, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 17px;">René Magritte</span></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-71300512396884603512013-09-12T11:55:00.000-07:002013-09-12T11:55:58.408-07:00ANA LUZ<span style="color: #333333; font-family: lucida grande, tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="line-height: 17px;">...</span></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhseuATURX3-K-2Duk2FER5rUxv8DinGf18LH5uYh3J-vV2EKtRkk0Xi-xjIK4_kXyYbLtmjRRbTXeTAW9kTpsuXIoPblxc6nTeZ19LhA1RfdowDuCLN6z9Izi_dmUO2tBwS1hglchlXdme/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhseuATURX3-K-2Duk2FER5rUxv8DinGf18LH5uYh3J-vV2EKtRkk0Xi-xjIK4_kXyYbLtmjRRbTXeTAW9kTpsuXIoPblxc6nTeZ19LhA1RfdowDuCLN6z9Izi_dmUO2tBwS1hglchlXdme/s1600/download.jpg" /></a></div>
<span style="font-size: x-small;"><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 17px;" /></span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Vem, mãe... hoje é o dia</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">O dia nasce</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Nascem mães</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"><br />Mães parem<br />Parem filhos com asas<br />Primeiro eles titubeiam, mas saltam<br />E eles voam, esse filhos que sempre são filhos<br />Nascidos, os filhos às vezes teimam em voar<br />Mas vão<br /><br />Vem, mãe...<br />O dia parte<br />Homens e mulheres partem<br />Vão e vem - sempre foi assim, e será<br />Pega minha mão<br />Aquela mão pequena, menino mirrado<br />Carne de sua carne, sangue do seu sangue<br />Espelho de tanta gente que veio antes<br />Antes, antes de tudo<br />Lá no começo de tudo<br />No primeiro dia no qual a primeira mãe nascida se fez<br /><br />Vem, mãe<br />Estou aqui<br />Antes do verbo<br />No silencioso mistério do dia<br />Entregue a esta profunda conexão que nem a poesia recupera<br />Nem o tempo nem a razão capturam<br />Isso que chamam amor<br /><br />12.09.2013<br /><br />Vladimir Luz</span>Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-70971190557792347122013-07-03T14:40:00.000-07:002013-07-03T14:40:28.369-07:00MÉMORIA DO 2 DE JULHO (Parte II)<div class="MsoNormal">
...</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVtOYlgTHXAHgVTgd6kIY7ZHES-RVx-BzEfUL23U1dYAu1XFXUS74vorK5h0iIjOQ6_56dTq65-SFx2KwW4yjYwIIhfFPCjWmZ5aJzDvO69Wnu7OeGowTiU4fiuLlze8mHnkthxBoufnwm/s400/verger+negro+bahia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVtOYlgTHXAHgVTgd6kIY7ZHES-RVx-BzEfUL23U1dYAu1XFXUS74vorK5h0iIjOQ6_56dTq65-SFx2KwW4yjYwIIhfFPCjWmZ5aJzDvO69Wnu7OeGowTiU4fiuLlze8mHnkthxBoufnwm/s400/verger+negro+bahia.jpg" height="304" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se hoje fosse 2 de julho</div>
<div class="MsoNormal">
Poderíamos encontrar Carlinhos na subida do Taboão</div>
<div class="MsoNormal">
E com ele recitar seus poemas escritos nas provas de Física</div>
<div class="MsoNormal">
Unidos pela luta de tantos</div>
<div class="MsoNormal">
Memória que não se apaga, como um vento forte</div>
<div class="MsoNormal">
... que sempre veio do leste</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se hoje fosse 2 de julho</div>
<div class="MsoNormal">
O amor seria brasa que queima a epiderme da alma</div>
<div class="MsoNormal">
Ferro que marca, grilhão cindindo pelo sonho</div>
<div class="MsoNormal">
Poderíamos, então, sair até o Campo Grande</div>
<div class="MsoNormal">
Pés na terra</div>
<div class="MsoNormal">
Terra molhada</div>
<div class="MsoNormal">
Nada mais além disso</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas hoje não é 2 de julho</div>
<div class="MsoNormal">
É tempo de outros lamentos</div>
<div class="MsoNormal">
Dos heróis de si mesmos, que dormiam o sono cálido dos
justos</div>
<div class="MsoNormal">
E que acordaram pálidos pela luz de tantas verdades </div>
<div class="MsoNormal">
Verdades que se levam a sério demais, como as minhas</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se hoje fosse 2 de julho</div>
<div class="MsoNormal">
Não seria o dia do Juízo Final</div>
<div class="MsoNormal">
Nem a redenção dos puros</div>
<div class="MsoNormal">
Tampouco o fogo da vingança</div>
<div class="MsoNormal">
O ardor do ódio</div>
<div class="MsoNormal">
A revolução regada a conforto</div>
<div class="MsoNormal">
Seria apenas um dia sem máscaras</div>
<div class="MsoNormal">
Sem papéis ou desculpas</div>
<div class="MsoNormal">
Culpa ou promessas eternas</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Seria apenas </div>
<div class="MsoNormal">
... 2 de Julho</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vladimir Luz</div>
<div class="MsoNormal">
03.07.2013</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p> Foto de Pierre Fatumbi Verger</o:p></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-88186401068778174972013-06-23T11:11:00.000-07:002013-06-23T11:11:25.380-07:00DOMINGO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghk0FMtY4d1dhMIffQbouaob1vA9SY6jqWLO-ch1-804xojdk1Wbry60nOf6wfdR9HJErHg3QVDy3I8odAkpHQG1RVmMQ5cv5n9t75qisorHs0HcCDxN6DBnOdtDoVW55lESRStP7j3t8f/s1600/escher01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghk0FMtY4d1dhMIffQbouaob1vA9SY6jqWLO-ch1-804xojdk1Wbry60nOf6wfdR9HJErHg3QVDy3I8odAkpHQG1RVmMQ5cv5n9t75qisorHs0HcCDxN6DBnOdtDoVW55lESRStP7j3t8f/s1600/escher01.jpg" height="300" width="320" /></a></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
...
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Quisera a minha ilusão ser igual a sua</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Poderíamos cantar juntos</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Bebericar amenidades em algum bar</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Rolar na grama</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Mas a minha ilusão é parte do todo
que me faz</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Visão tosca dos meus pequenos
simulacros do dia-a-dia</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Olhares difusos, apertos de mão</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Ensaio de beijos nunca dados</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Verdades consumidas por segundos</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Silêncio que corta tudo e todos na
esquina da linguagem</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Uma paz sempre cambaliante e ébria</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Pudera ser eu mais que minhas ilusões</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Num mundo de Pangloss, onde tudo é
como deve ser</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Herói de diplomas e livros de couro</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Ator ofuscado, esperando aplausos ao
cair o pano</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Abraço que dura o tempo da eternidade</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Ah, a eternidade...</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Por enquanto, resta a desconfiança</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A espera, o desejo que exista algo
mais além
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Além-mar, além-tela, além do além</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Algo como agora
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Domingo</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Vladimir Luz</div>
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Gravura: Escher
</div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-88059752514175174042013-06-02T10:52:00.002-07:002013-06-02T11:00:50.157-07:00LIRISMO URBANO...<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Coberta de sol</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A cena então se fez</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Repleta de solidões acompanhadas</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Cheia de gente ao redor, ruído e rubor</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Carros, transeuntes</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E por um Instante breve </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Todos os corpos pararam </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como se fossem seu último labor</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E de memória, fez-se um hino</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por lá onde desfilam todos os seres</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Lugar da palavra não-dita</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Lugar do instinto insone</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E tudo se fez antes do inicio </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Antes, bem antes do verbo</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Antes mesmo de todo
silêncio</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E num sopro poético</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
Luz </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
....<br />
Fiat Lux</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3eLuBK5CNEWBjsyq_0yZZNiWYCcOjktkfvTdVwHVcGUkKcbP__z_cDbd5B8VK8ZvmIWRqbEicoMdScrMtDohl6cs3Txcfgngujwfohbdn85JkPv1S8GV_0I6gOfx9cfgLWGXrOGNFHQmy/s1600/semaforo_meditacao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3eLuBK5CNEWBjsyq_0yZZNiWYCcOjktkfvTdVwHVcGUkKcbP__z_cDbd5B8VK8ZvmIWRqbEicoMdScrMtDohl6cs3Txcfgngujwfohbdn85JkPv1S8GV_0I6gOfx9cfgLWGXrOGNFHQmy/s1600/semaforo_meditacao.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="text-align: justify;">02.06.2013</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vladimir luz</div>
<br />Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-15947311528658806712012-12-12T17:15:00.002-08:002012-12-12T17:24:38.929-08:00LASCIATE OGNI SPERANZA ...<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ouve</div>
<div class="MsoNormal">
Eles gritam por justiça</div>
<div class="MsoNormal">
Passeiam rápidos nas sombras</div>
<div class="MsoNormal">
Quebram janelas</div>
<div class="MsoNormal">
Marcam casas</div>
<div class="MsoNormal">
Entoam cantos </div>
<div class="MsoNormal">
Pisam em nome da pureza que não sabemos cuidar</div>
<div class="MsoNormal">
E cobrem de exéquias os últimos sonhos</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Olha</div>
<div class="MsoNormal">
Seus dedos em riste</div>
<div class="MsoNormal">
A pedra lançada, a primeira</div>
<div class="MsoNormal">
A testa franzida, soberana
e provecta</div>
<div class="MsoNormal">
O corpo ereto</div>
<div class="MsoNormal">
Eles dominam os mistérios</div>
<div class="MsoNormal">
Sabem do bem e do mal</div>
<div class="MsoNormal">
E com o fogo sagrado, purgam nossos pecados</div>
<div class="MsoNormal">
De cuja fumaça não restará lembrança</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Dorme</div>
<div class="MsoNormal">
O sono dos justos</div>
<div class="MsoNormal">
Pois, finalmente, estamos todos salvos</div>
<div class="MsoNormal">
Do lobo que esgueira como cordeiro</div>
<div class="MsoNormal">
E enche de lama nossas fontes puras</div>
<div class="MsoNormal">
Nossas tímidas consciências salvas</div>
<div class="MsoNormal">
E ao repousar </div>
<div class="MsoNormal">
Sonha com o amor imaculado</div>
<div class="MsoNormal">
Invisível</div>
<div class="MsoNormal">
Intangível</div>
<div class="MsoNormal">
Doce </div>
<div class="MsoNormal">
Acre como o sangue alheio</div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Afinal</div>
<div class="MsoNormal">
Eles sabem o que fazem</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
12.12.2012</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vladimir Luz</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<o:p><br /></o:p>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG889y4WDcFpCD-YM8HhTeDizvkhobd7Mmj1kO-V8cQu3RK9wCVTkq-_KcbZ5rKboQRuhJxCguONfCc3INEs0RJzv3xWPxyz3TVwN1bSijbYbSySMWgUAeXl0_sltcKc_FB66JzcJhFyjq/s1600/rodin4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG889y4WDcFpCD-YM8HhTeDizvkhobd7Mmj1kO-V8cQu3RK9wCVTkq-_KcbZ5rKboQRuhJxCguONfCc3INEs0RJzv3xWPxyz3TVwN1bSijbYbSySMWgUAeXl0_sltcKc_FB66JzcJhFyjq/s320/rodin4.jpg" width="213" /></a></div>
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Rodin: A porta do inferno</div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-89513551040962556022012-11-15T19:43:00.001-08:002012-11-16T05:40:16.528-08:00MEU PAI<div style="text-align: justify;">
...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu3hJr0PEFcA4JHe2G8XHpbTHE1o-bO_9LRDM5FNs4vKMppYzNG7Sz2Tt9TH5PVS2F2ZG7fRwIr7CfaGUdOHFb8z0dNEHzZQQG3Vt4gPkfPabuBuc84T_XfVeNg-RaukDlj-mq_XnRj7-9/s1600/estrela.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu3hJr0PEFcA4JHe2G8XHpbTHE1o-bO_9LRDM5FNs4vKMppYzNG7Sz2Tt9TH5PVS2F2ZG7fRwIr7CfaGUdOHFb8z0dNEHzZQQG3Vt4gPkfPabuBuc84T_XfVeNg-RaukDlj-mq_XnRj7-9/s320/estrela.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Minha Irmã Rai me contou. Era cedinho, eu estava no berço. Meu pai chegou silencioso e apressado. Ele pegou umas roupas e se despediu dela e de mim com um afago. Rai lembra que dois homens estavam fora de casa, esperando. Dali meu pai seguiu direto para o quartel. Rai, apesar de muito jovem, nunca esqueceu essa cena: meu pai sendo preso pelos agentes do regime militar de 1964.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
****</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Minha avó Izabel chamava seu filho, Raimundo Batista da Luz, carinhosamente de “mundim”. Orgulhava-se do filho que tinha duas formaturas (Administração e História). De minha avó ouvi a estória de que ela teria estrategicamente enterrado os livros de “Mundim”, livros vermelhos. Naquele tempo livros eram perigosos. Os amigos o chamavam, e até hoje chamam, carinhosamente de Batistinha. A política, os amigos, a vida vivida intensamente sempre conduziu meu pai. Lembro dos tempos de APLB, dos debates da CUT, da formação do PT. Logo após a abertura, nas primeiras eleições para vereador, tenho vivamente na memória a foto de meu pai na TV, com um número (de sua candidatura). Isso era a propaganda política da época. Minha mãe guarda até hoje uma foto publicada na capa do Jornal A TARDE em que estou eu e meu pai, no Campo Grande, num dos primeiros comícios de Lula após a fundação do PT. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
***</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Atualmente meu pai mora em Pituaçu na cidade de Salvador, onde leva uma vida simples. Mas, qual característica de Batistinha seria mais marcante para mim? Quando falamos de nossos pais, há uma tentadora tendência de se fazer apologias, ou, contrariamente, por vezes, consciente ou inconscientemente, cometemos injustiças e distorções. Atento a estes riscos, de meu pai, esse “espírito livre”, desorganizado para as coisas materiais, ex-preso político, militante, homem alheio às demandas da “vida prática”, há um componente muito importante que hoje percebo claramente. Aos olhos da sociedade atual, para a qual uma pessoa vale pelo carro ou pela roupa de marca que usa, ou mesmo pela esperteza de pautar sua vida em estratégias estritamente pragmáticas, qual seria o legado de Batistinha? A resposta para tal indagação, que já se enunciava de forma intuitiva, veio recentemente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
**</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Contardo Calligaris, num Café Filosófico em que se discutia “a crise do macho”, teve que responder uma pergunta feita por uma ouvinte queixosa dos homens. Antes, Contardo sustentava a hipótese de que há, no imaginário masculino, duas questões centrais: uma, a relação complexa entre devaneio e mundo concreto, que impulsiona a psique masculina sempre rumo ao suprimento de expectativas (maternas e das mulheres em geral), que são de difícil realização, o que gera uma sedução pela quebra do cotidiano, o desejo constante pelo alhures. Outra característica, ligada à primeira, refere-se ao heroísmo da guerra como elemento determinante do ideal masculino. Nessa perspectiva, o desafio da morte que a guerra representa seria a marca da mestria masculina. Há também o movimento de despedida que marca a ida para a Guerra. Agonismo e altruísmo estariam no cerne dessa marca masculina, pautada na assunção e erotização do risco, no qual sobreviver (parte do concreto cotidiano) não é mais importante do que viver. Ao final da exposição, a referida mulher presente na plateia disse, indignada, mais ou menos o seguinte: os homens são preguiçosos, covardes. Guerra é fácil, heroísmo mesmo é a vida real, concreta, ir ao supermercado, pagar contas. Contardo sorriu. Em seguida, respondeu, em síntese: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Vou lhe responder de um ponto de vista masculino porque é o meu ... concordo com você que é preciso de muita coragem para encarar a vida cotidiana ... é preciso de uma coragem de um tipo diferente ... o problema é que a coragem do devaneio, por exemplo, é também de considerar que a coisa mais concreta que a gente tem, a vida, não é necessariamente um valor supremo...e tem momentos nos quais é muito bom que seja assim... de novo só posso pensar nos termos que eu verdadeiramente aprendi.. nos termos da vida que aprendi com os meus pais...o meu pai era profundamente inepto do ponto de vista da vida concreta.. desse ponto de vista era um macho perfeito ... não tinha nenhuma gestão da casa ... e não sabia assinar um cheque, contrariamente a mim e meu irmão ... não sabia nem fritar um ovo... mas se não fosse pelo tipo de coragem dele talvez a Europa de hoje seria uma Europa pós-hitlerista ou nazista... essa foi a coragem dele. Precisava que alguém dissesse não, tem coisas pelas quais a gente, o filho da gente vale a pena morrer... porque não vale a pena viver dobrando a cabeça ...eu acho isso tão importante quanto... ”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
*</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem. Mais que concordar ou não com a tese exposta por Contardo Galligaris, do jogo difuso das expectativas femininas moldando as masculinas, e todas elas sendo modificadas ao longo do tempo, algo importante emerge de minha reflexão pessoal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vida de meu pai foi e é a síntese de um heroísmo masculino do alhures, que hoje representa algo distante das vidas cotidianas. Não foi melhor nem pior que outras, tampouco exemplo de perfeição idealista. Longe disso. Tudo teve (e tem) um preço. Batistinha talvez não saiba, mas ele me mostrou que existem coisas pelas quais efetivamente vale a pena morrer. Se não se sabe disso, nenhuma vida, por mais confortável que seja do ponto de vista material, vale a pena de ser vivida. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
15.11.2012<br />
<br />
Vladimir Luz<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-4928068265697073432012-10-12T15:16:00.001-07:002012-10-12T15:31:31.323-07:00CAFÉ COM WARAT<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvK5uEvEB-k2LM_uYo1AcGgyQOjRtY8_ArrAu7U00vZoauPBKbb8RG3eTasht-qJhgIFLC8Or8vD1vVmz7cbAl9sswdlc9L-Kn_4oxiZYnPsMJAQM_To5e1PGU1Ww7Ddc7QB878cIGrHQs/s1600/cafe.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvK5uEvEB-k2LM_uYo1AcGgyQOjRtY8_ArrAu7U00vZoauPBKbb8RG3eTasht-qJhgIFLC8Or8vD1vVmz7cbAl9sswdlc9L-Kn_4oxiZYnPsMJAQM_To5e1PGU1Ww7Ddc7QB878cIGrHQs/s200/cafe.jpg" width="177" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p>....</o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Warat acalentava a ideia de abrir
uma faculdade de direito <st1:personname productid="em Curitiba. Havia" w:st="on">em
Curitiba. Havia</st1:personname> uma criativa corruptela que já marcava o nome da Faculdade: LAW – Luis Alberto Warat. Sua logomarca era um pinguim que sugeriria
uma ruptura de padrões. Warat achava que o problema do ensino jurídico era
justamente a sua “pinguinização”, com a qual juristas se comportavam, se
vestiam e pensavam todos iguais. O projeto do curso era, como Warat, único.
Arte com eixo básico. Locais fundamentais da escola: um circo e um café, e não
salas de aulas. Ao lado das disciplinas obrigatórias, o mais importante era
dança (para professores e alunos). Fui convidado para fazer parte do corpo
docente deste inusitado projeto. Nem pestanejei. Fui até Curitiba algumas
vezes. Numas dessas ocasiões, quando da visita <i>in loco</i> da Comissão da OAB, vivenciei um momento raro.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Estava em um hotel no centro de
Curitiba. Desci para tomar café. Lá estava Warat. Sentei ao seu lado. Passamos
boa parte da manhã conversando. Na época estava elaborando o projeto de minha
tese justamente sobre uma das mais importantes reflexões waratianas: o senso
comum teórico dos juristas. Luis Alberto (como era chamado por Marta Gama) falou
sobre seu pai, sua infância; tratou de fatos pitorescos sobre Cossio, Nino. Falou
de sua fraternal relação com Albano. Foi então que me revelou de onde nasceu a
ideia do neologismo “senso comum teórico dos Juristas”. Disse que tal ideia
nascera quando da leitura de Althusser (Filosofia e Filosofia espontânea dos
cientistas). Eu já desconfiava das origens estruturalistas (Althusserianas ou mesmo
bourdieunianas) dessa ideia, ainda que indireta ou inconscientemente.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Lembro deste momento como algo
muito importante para minha trajetória, algo que marca meu currículo oculto. Naquela
manhã eu não estava diante do meu ídolo de juventude, do mestre de uma geração
desbravadora da critica jurídica no Brasil. Naquele momento, estavam ali duas
pessoas conversando sobre coisas em comum, rindo da vida e de si mesmos, sem
nenhuma pretensão “séria”. Haveria espaço para estes encontros hoje em dia, em
nossas rotinas docentes? Nossos currículos lattes comportariam, em algum lugar,
o item específico “café com Warat”? Aliás, pouco importa para esta lembrança
coisas como lattes e rotinas pedagógicas. Lembro que, entre um gole de café e
os suculentos – e hoje politicamente incorretos – ovos mexidos, Luis, o portenho-brasileiro mais baiano do mundo, dizia: “Vladimir, a vida é uma ilusão,
precisamos ter as boas, as boas ilusões”.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Que assim seja.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
12.10.2012</div>
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Vladimir Luz</div>
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Foto do dia em que tomei café com
Warat.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDALvtXofTYeffeIWnKIoY8_nf8q7o0AyPbi_a7XWE2ibhX5GevfAFtWeCWz4XazW5rGuvCP9uIvtI-V62sejdwHGgRC5gzVGtkqeb9aJptk0DfYgyFRScek2bExDTXW5KfNUJOm8itaqO/s1600/Warate+eu.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDALvtXofTYeffeIWnKIoY8_nf8q7o0AyPbi_a7XWE2ibhX5GevfAFtWeCWz4XazW5rGuvCP9uIvtI-V62sejdwHGgRC5gzVGtkqeb9aJptk0DfYgyFRScek2bExDTXW5KfNUJOm8itaqO/s320/Warate+eu.JPG" width="320" /></a></div>
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<br />Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-31951423990402202182012-07-02T08:32:00.001-07:002012-07-02T08:32:49.640-07:00MEMÓRIAS DO 2 DE JULHO<br />
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<o:p><br /></o:p></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWeMl4pcXVH_cbM6QQSz7xS3QJ9WvgIi9mC2lgu96JPqBap1fP32qVGvbjkOk3RF4SVM5FCDQPxTRJSlwwrQvxUw0QpnZBtIIBTtqCcHxwBEmjxtDt-4tXqDMKJtfrf7YMncNaBCkBooPE/s1600/Porto+da+Barra+Salvador+Bahia.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWeMl4pcXVH_cbM6QQSz7xS3QJ9WvgIi9mC2lgu96JPqBap1fP32qVGvbjkOk3RF4SVM5FCDQPxTRJSlwwrQvxUw0QpnZBtIIBTtqCcHxwBEmjxtDt-4tXqDMKJtfrf7YMncNaBCkBooPE/s320/Porto+da+Barra+Salvador+Bahia.JPG" width="320" /></a></div>
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Quem vem de Pirajá, sol a pino,</div>
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Já ouve o tambor, </div>
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E partimos, passo a passo, pela Liberdade até o Pelourinho</div>
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Quitéria veio pela ladeira do Desterro, vestida de guerra</div>
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Joana Angélica, no Convento da Lapa, fechou os portais</div>
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E o engano de Lopes, foi o segredo do golpe</div>
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E nas ruas, tantos passos foram marcados</div>
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Anônimos cajados, mãos de tantos ao mesmo tempo</div>
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Flecha ancestral, mistura de tudo num só, melanina e suor</div>
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E vem de Salvador essa estória antiga</div>
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De ver igualdade na diferença</div>
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Essa crença de ver na alegria a mesma face da luta</div>
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E de não desmerecer cada pedra, cada vestígio </div>
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Detalhes que não escapam ao tempo, esse silêncio que tudo consome</div>
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E quem vem do Tororó, do Rio Vermelho e do Campo Grande</div>
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Sabe que a vida deita pouso no sagrado</div>
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Esse recanto, essa clareira</div>
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Esse lugar - memória que se faz verbo</div>
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Carne que se fez canto, pranto que se faz alento</div>
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Data que é caminho, e não chegada: <span style="background-color: white;">2 de julho.</span></div>
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02 de julho de 2012.</div>
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Vladimir Luz </div>
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<br /></div>Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-20370903001860332202012-05-08T19:55:00.000-07:002012-05-18T12:33:52.337-07:00PINA<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXKI8tvycwww4VVWYyrGwvQARkfbkwekQVkWH-g4EbDBkOiH1W2gO3scNkvyWPzN9etfJcfCJXEm5Cn0oqsT6yc8CkDBvZgdcsjEoCssmoeMkrO2eFGwb7evB8RXtBN1Igom5yAxg1Az8z/s1600/pima.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="184" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXKI8tvycwww4VVWYyrGwvQARkfbkwekQVkWH-g4EbDBkOiH1W2gO3scNkvyWPzN9etfJcfCJXEm5Cn0oqsT6yc8CkDBvZgdcsjEoCssmoeMkrO2eFGwb7evB8RXtBN1Igom5yAxg1Az8z/s400/pima.jpg" width="275" /></a> Por que precisamos da arte?
Eu sempre tive uma resposta para esta pergunta. Convincente, lógica, bem articulada, enfim, uma resposta pronta. </div>
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Após o filme PINA, dirigido por Wim Wenders, passei a duvidar de minhas firmes convicções sobre este tema.
O filme-documentário trata da obra, da vida de Pina Bausch. Na há uma narrativa tradicional. Praticamente todo o filme é composto pelas coreografias dirigidas por Pina ao longo de sua vida. Há pouquíssimas falas. Entre uma cena e outra, um raro depoimento, uma breve imagem de Pina e seu estilo de pensar e realizar a arte da dança. As palavras eram subordinadas ao movimento.</div>
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De todas as artes, confesso que a dança sempre me causava certo estranhamento. Para mim, eram as palavras que detinham o monopólio do mistério que faz a arte ser o que ela é, seja ela (a arte) o que for. Mesmo no cinema, no teatro, na opera, lá estavam as palavras. Todavia, ao ver PINA, o filme, uma sensação diferente me ocorreu. Fiquei seduzido em tentar explicar (sempre elas, as palavras), em buscar nas palavras o sentido daquilo que acabara de ver. </div>
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<br /></div>
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Angústia, amor, solidão, felicidade, vida, morte, beleza seriam apenas palavras? Não. São experiências, e como tal podemos senti-las de diversas formas, até mesmo com palavras. Pina Bausch fez do corpo e do movimento testemunhas e confidentes dessas experiências. Elas não são redutíveis a palavras. Corpo e movimento agem como poesia que desvela o ser que se mostra como é. Por isso não tenho mais respostas sobre o sentido da arte, mas apenas, intuições. Em suma: a arte não serve a nada, porque não pode ser reduzida a um instrumento, a um “para que” (seria essa uma resposta?). A arte apenas é parte do que somos. Assim sendo, tende a nos transportar a uma certa experiência, a uma certa morada na qual habitamos como seres paridores de sentido, presos ao tempo, atados a nossa inexorável finitude. A isso, a essa experiência estética, que nos faz sentir mais próximos do humano em seu ser (e não o ser humano), que a arte se coloca como espelho. </div>
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Hoje não quero mais palavras. Basta o corpo, o movimento, o toque, o gesto. Finalmente pude compreender (e não entender) aquilo que Nietzsche disse certa feita: “temos a arte para que a verdade não nos destrua”. Ou melhor, na versão de Pina Bausch: “Dance, dance, dance, senão estaremos perdidos”
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Agora tenho (sou) muito mais do que respostas. </div>
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...<br />
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<span style="text-align: justify;">08.05.2012 Vladimir Luz</span><br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/CNuQVS7q7-A?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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<br /></div>Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8530989237090821134.post-15791690835478513152012-04-04T13:47:00.000-07:002012-04-04T13:47:20.914-07:00MEU SAMBA (II)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipu-ZNlMfkHcfhh_DdIvxrMgqCxAl_7QRZcJn5Du71JH0IGB5DMKo7SnQBt2lQoZw8RzcmkgJuvFCGckQIUYVk5RS8bdjuQNwr-B95york0cK_WdkTBF_p2fsRzwmgsYBleVhAYh-b2rw8/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="212" width="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipu-ZNlMfkHcfhh_DdIvxrMgqCxAl_7QRZcJn5Du71JH0IGB5DMKo7SnQBt2lQoZw8RzcmkgJuvFCGckQIUYVk5RS8bdjuQNwr-B95york0cK_WdkTBF_p2fsRzwmgsYBleVhAYh-b2rw8/s400/images.jpg" /></a></div><br />
<br />
...<br />
<br />
<br />
E se nada bastar<br />
Deixa estar<br />
<br />
E se nada restar<br />
Vai amar<br />
<br />
E se tudo for em vão <br />
Chora, não <br />
<br />
Pois na superfície do amanhã<br />
Essa linha que une e separa<br />
É sentindo que nasce o sentido<br />
<br />
Vem viver!<br />
<br />
Vladimir Luz<br />
04.04.2012Vladimir Luzhttp://www.blogger.com/profile/17746887793625774216noreply@blogger.com0