quinta-feira, 12 de setembro de 2013

ANA LUZ

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Vem, mãe... hoje é o dia
O dia nasce
Nascem mães
Mães parem
Parem filhos com asas
Primeiro eles titubeiam, mas saltam
E eles voam, esse filhos que sempre são filhos
Nascidos, os filhos às vezes teimam em voar
Mas vão

Vem, mãe...
O dia parte
Homens e mulheres partem
Vão e vem - sempre foi assim, e será
Pega minha mão
Aquela mão pequena, menino mirrado
Carne de sua carne, sangue do seu sangue
Espelho de tanta gente que veio antes
Antes, antes de tudo
Lá no começo de tudo
No primeiro dia no qual a primeira mãe nascida se fez

Vem, mãe
Estou aqui
Antes do verbo
No silencioso mistério do dia
Entregue a esta profunda conexão que nem a poesia recupera
Nem o tempo nem a razão capturam
Isso que chamam amor

12.09.2013

Vladimir Luz