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Ouve
Eles gritam por justiça
Passeiam rápidos nas sombras
Quebram janelas
Marcam casas
Entoam cantos
Pisam em nome da pureza que não sabemos cuidar
E cobrem de exéquias os últimos sonhos
Olha
Seus dedos em riste
A pedra lançada, a primeira
A testa franzida, soberana
e provecta
O corpo ereto
Eles dominam os mistérios
Sabem do bem e do mal
E com o fogo sagrado, purgam nossos pecados
De cuja fumaça não restará lembrança
Dorme
O sono dos justos
Pois, finalmente, estamos todos salvos
Do lobo que esgueira como cordeiro
E enche de lama nossas fontes puras
Nossas tímidas consciências salvas
E ao repousar
Sonha com o amor imaculado
Invisível
Intangível
Doce
Acre como o sangue alheio
Eles sabem o que fazem
12.12.2012
Vladimir Luz
Rodin: A porta do inferno